Em larga medida, a imagem do Padre Vieira (1608-1697), que se faz ainda hoje, como um homem dividido entre atuações muito diversas, ambicioso politicamente, temperamental, contraditório, movido a quimeras, seduzido um pouco por sua própria lábia, mas também sempre um caráter grandioso, valente, determinado... deve-se à biografia do padre de autoria do historiador português João Lúcio de Azevedo (1855-1933). Esta imagem se sedimentou a tal ponto, que é difícil imaginar outras interpretações convincentes para a sua atuação. Novas biografias não têm feito mais que glosar esses mesmos termos. De qualquer modo, quando, em vários trabalhos, procurei me opor a certas divisões periodológicas e psicologizantes que pareciam determinar grande parte das leituras da obra de Vieira, era sobretudo essa biografia que tinha de enfrentar. Quais os procedimentos narrativos que a tornam tão especialmente convincente? -- esta a pergunta que tento responder em meu texto.
Palabras clave:
Padre Antonio Vieira, João Lúcio de Azevedo, biografia, historiografia luso-brasileira, história positivista, retrato, personificação
Pécora, A. (2013). Retórica de uma biografia: Padre Antonio Vieira por João Lúcio de Azevedo. Revista Chilena De Literatura, (85). Recuperado a partir de https://actascoloquiogiannini.uchile.cl/index.php/RCL/article/view/30192
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